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sábado, setembro 22, 2012


"GENNESIUS - Histriônica Epopéia de Um Martírio Em Flor"

Uma publicação da EDUESB
Por Roberto de Abreu

A publicação de um texto dramático composto em regime de criação colaborativa no seio de uma prática de grupo  é uma evidência de como o Teatro de Grupo pode sim, através da mobilização de uma autoria que se utiliza da poética do contágio, gerar textos dramáticos consistentes que mereçam publicação.

Trabalhar como encenador e como dramaturgo com o Finos é um prazer que a mim se revelou na intimidade da Sala de Ensaio, onde durante seis intensos anos experimentei a proteção que a intimidade da Sala de Ensaio proporciona e que só o Teatro de Grupo pode oferecer para o artista. 
 
Em tempos recentes ouvi em guetos acadêmicos que o teatro criado ao modo colaborativo não rende "textos de grande valor teatral para serem publicados". 
 
Como negar a produção dramatúrgica e a qualidade literária dos textos criados colaborativamente em processos como os do Teatro da Vertigem (SP), do Imbuaça (SE), do Clowns de Shakespeare(RN)?

Ora, e o próprio Shakespeare, ou Molière, não escreviam seus textos adaptando-os aos elencos de que dispunham, explorando as possibilidades do que estava dado na formação de suas companhias? Pois bem, como todos os outros elementos da cena, o texto figura apenas como mais uma matéria. 
 
Publicado agora, o texto de Gennesius nasce como literatura, como matéria para ser fertilizada, revolvida, remexida em outras Salas de Ensaio, em outras ocasiões, perpetuando-se como um texto que nasceu para ser dito, para ser apropriado por atores.

Tom Zé acaba de lançar sua Tese sobre o tropicalismo no Brasil. Segundo o compositor de Irará, o tropicalismo na música só foi possível porque os artistas que compuseram o movimento eram artistas vindos do interior do Brasil, de rincões onde em pleno século XX restava um rescaldo de Idade Média, com influências árabes, em contato com uma musicalidade muito rica - plena de melodias e canções - com a presença de muita dança, canto, festa - um lixo não-aristotélico que semeou a genialidade de artistas como Tom Zé, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Torquato Neto, Waly Salomão e tantos outros.

Eis Genésio, um artista do interior, do sertão baiano, filho do vento e da delicadeza. Genésio é uma busca. Uma busca por uma voz, por um lugar ao sol, por uma brecha para dizer, para discursar com arte os próprios princípios e convicções.


ROBERTO DE ABREU é Membro do Grupo de Teatro Finos Trapos - Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Coordenador do Colegiado de Artes (Dança e Teatro) - Departamento de Ciências Humanas e Letras. Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas - UFBA.

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