TEATRO NAS ONZE
POSIÇÕES
Por Frank Magalhães
Em tempos de polivalência, o mundo das artes não fica de fora e é preciso uma desenvoltura cada vez maior para se firmar
nesse universo infinito, e por que não dizer, particular, aliás bastante
particular. Universo que muitas vezes encanta os admiradores e arrebata os seus
futuros trabalhadores. Refiro-me especificamente ao teatro, linguagem pela qual
venho engatinhado há alguns anos. Parecemos sempre crianças que olham admirando
o imenso horizonte a sua frente e sorriem com alegria ao dar os primeiros
passos.
Grupo Finos Trapos - Ação de Teatro-Empresa (2011) Foto: Yoshi Aguiar |
Na minha trajetória, que se mistura
a inúmeros encontros, pude ver algumas crianças dando passos largos, ligeiros,
quedas e até desistências. De vários encontros, um deles me trouxe ao Grupo de
Teatro Finos Trapos, que como uma criança perto de completar dez anos de vida,
olha para as mais possíveis direções.
O casamento com o Finos com certeza marcará toda a
minha caminhada. Nesses rápidos
encontros com colegas de profissão, costumeiramente escuto a seguinte pergunta: -"Qual espetáculo você está fazendo?"
Ligeiramente tento responder dizendo que
nesse momento estou ocupado com outras tantas coisas que são importantíssimas,
tanto quanto estar em cima do palco.
Frank Magalhães - Membro do Grupo de Teatro Finos Trapos Foto: Polis Nunes |
Hoje, é preciso jogar em todas as
posições, fazendo as mais sutis jogadas, àquelas quase invisíveis, mas
essenciais para o espetáculo ir à cena. Esta consciência vem me tomando de
maneira ardentemente continuada, eis aí o grande lance.
Percebi que devemos
ficar atentos às novas exigências desse “mercado”, se assim o podemos chamar.
Essas tantas ocupações que “roubam” o nosso tempo de pisar no palco nos coloca
diante de mais uma tarefa necessária, um compromisso que assumimos com o pensamento de um Coletivo, que passo a passo vem se provocando, abrindo suas frontes para as
possibilidades, sejam técnicas, burocráticas ou do mundo acadêmico, que se
consolidam como experiências cabais para marcar a nossa existência.
Se por um lado fica a sensação de que
em nossa trajetória sofremos por não nos dedicarmos o suficiente para pisar no
palco, ou pelo menos o quanto gostaríamos. Por outro, vemos as nossas vidas
sintonizadas em um emaranhado de questões que se misturam em intimidades bem
comuns ao trabalho de um Grupo, mas com a certeza plena de que em breve voltaremos a ser
“vistos” no palco.
Frank Magalhães e Thiago Carvalho Bastidores do Espetáculo "BERLINDO" (2011) Foto: Yoshi Aguiar |
Sempre aguardando as conquistas que só o tempo nos permitirá
saber, sempre atentos quando damos uma passada, pois o teatro se adianta na distância
de um quilômetro a nossa frente.
Salvador, 17 de março de 2013.
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